17 de maio de 2011

O virar de uma página atempotal

           A literatura é uma das várias formas de "escape" do homem. É através desta que percebemos o mundo, os homens e os tempos a sua volta.
          No Trovadorismo rimas cantadas cortejavam secretamente as damas nas tavernas. No Clasissismo o mundo grego foi reinventado, assim como Camões e sua viagem às Índias.
          A natureza e a simplicidade da felicidade humana foram os altares do bucólico Arcadismo. O homem foi então venerado e as novas ideias renascentistas fundamentaram o Humanismo dos séculos XIII e XIV.
          Contra o homem e o renascimento, o beato Barroco surgiu e desapareceu nas lágrimas e vaias de morte e sonhos dos românticos.
          A sociedade e toda a modernidade foram contestadas no Realismo e nas inusitadas vanguardas europeias, abrindo portas e novas perspectivas para o que viria a seguir.
          Poetas como Carlos Drummond de Andrade abordaram com mais ênfase o "eu todo retorcido" que há em cada um de nós, assim como o choque social e a relidade e concretização de sentimentos e emoções.
          Estamos vivendo uma nova época literária, ainda sem nome e jeito, mas com certeza com um reflexo misto, compulsivo, agitado e depressivo, basta agora saber como esse novo capítulo será escrito, pois o homem reinventa-se, o mundo o segue e a literatura se transforma, acompanhando seus tempos e contratempos, suas prosas e anti-poetismo, suas métricas e rebuliços. Como dizia Machado de Assis "... cada estação da vida é como uma edição, que corrige a anterior, e que será corrigida também.", assim como o homem, assim como o mundo e assim como seu espelho: os livros.

28 de março de 2011

Educação, o 'negócio da China'

                                                                                                   por Fábio Brabosa
         
          "A CHINA já é uma superpotência e o mundo já mudou em razão disso. A novidade é que vem mais por aí e as implicações políticas e culturais disso marcarão o século 21.
          O crescente apetite da China por matérias-primas, petróleo e alimentos elevou substancialmente o preço desses bens, em muitos casos, isso beneficiou, e bastante, a economia brasileira.
          Em outros setores, o impacto causado pelos chineses é negativo para o Brasil, por conta da competitividade de seus produtos manufaturados. Temos que nos preparar para lidar com essa realidade, trabalhar as questões ligadas ao 'custo Brasil' e acelerar as negociações, pois o fenômeno China veio para ficar.
          Muitas vezes ouço previsões de que o modelo chinês não se sustentará e várias razões que aparentemente fazem sentido são apresentadas para suportar esse argumento.
           Possível bolha imobiliária, qualidade dos ativos dos bancos, migração rural, demanda por maior abertura democrática etc. estão frequentemente na lista dos alertas feitos repetidamente nos últimos muitos anos. O fato, porém, é que a economia chinesa cresceu a uma média de 9% anuais nos últimos 34 anos - e há 33 anos os economistas ocidentais dizem que esse crescimento não vai perdurar!
          Esse erro de avaliação sugere que temos um frágil conhecimento do que acontece na China. Não pretendo aqui ter respostas definitivas sobre o processo do desenvolvimento chinês, mas sim chamar a atenção para alguns aspectos e mitos.
          O primeiro destaque que faço é sobre a percepção que se tem de que a China só cresce na faixa litorânea ou nas zonas ligadas à exportação.
          Há poucos anos, viajei pelo interior da China para regiões pouco visitadas por turistas estrangeiros e pude ver quão abrangente é a mudança que ocorre em todo o país. Claro que de forma desigual, mas ainda assim é comum encontrar aeroportos, estradas, banda larga e hotéis modernos e de bom nível.
          O mercado interno chinês é gigantesco, e um exemplo é que neste ano a China deverá produzir perto de 16 milhões de veículos (o Brasil produziu 3,6 milhões em 2010), tornando-se o maior produtor mundial, e quase tudo para consumo interno.
          O segundo ponto tem a ver com os produtos chineses, muitas vezes associados a menor qualidade. Isso está mudando. Empresários comprovam a evolução por conta dos equipamentos industrias de alta tecnologia que compram da China.
           Assim como seus vizinhos Japão e Coreia do Sul, que entraram no mercado global com produtos de baixo valor agregado e rapidamente migraram para produtos de alta qualidade, a China avança rapidamente.
           Mas o que realmente parece dar sustentação a essa arrancada da economia chinesa é o salto na educação. Os chineses estão estrategicamente investindo nos seus jovens.
           Alguns dados: há cerca de 130 mil chineses em cursos de pós-graduação nos EUA; há mais de 300 milhões de crianças aprendendo inglês na China, quatro universidades chinesas apareceram no recente ranking das cem melhors do mundo (nenhuma brasileira, a propósito).
           Xangai apareceu em 1º lugar num relatório divulgado pela OCDE em que o Brasil ficou em 53º lugar. um caminhar pelas ruas de Boston ou de Oxford comprovará o tanto que há de estudantes nesses locais, assim como se pode passear por Pequim, ou uma cidade do interior, e testemunhar que a garotada já sabe arranhar bem o seu inglês.
           Portanto, o que acontece na China não me parece algo passageiro ou fruto de uma estratégia apenas focada em subsídios ou distorção cambial. A crescente eficiência da China está sendo alicerçada com vultosos investimentos na qualidade da educação em todos os níveis.
          Podemos continuar a protestar e tomar medidas protecionistas de curto prazo contra os produtos chineses. Até concordo que, em alguns casos, isso é necessário, mas estou convncido de que seria mais útil devotarmos nossa energia para aumentar a eficiência de nossa economia e, sobretudo, transformar nossos níveis de educação." [...]

24 de março de 2011

Tristan Tzara, dos jornais aos sonhos.

Tristeza. Yellow.
Desenho. Rabisco. Dibujo.
Amor. Lágrimas. Quietude.
In you.
Flashes. Escritos.
Preto.
Teoria do acaso.
Notas. Sons. Vozes. Magie.
You.
Pessoas. Orquestras. Satisfação. Talento.
Sam. Hermman. You.
Canon. Tormenta.Verführung. Swan.
Ondas. Cinza. Mar.
Olimpo. Tormenta. Vento.
Raios e labutações.
Rochas. Ruivo. Topo. Lächeln. Rosso and Oltremare.
Bach. 
Neve. Sorrisos. Olhares. Choros.
Poesias e simplesmente você.

7 de fevereiro de 2011

Patriotismo Industrial

           Os interesses e vantagens no mundo capitalista e globalizado são o que ditam e pesam nas decisões entre governos e multinacionais. O mesmo ocorre com a Fiat, a sexta maior montadora de veículos da Europa em vendas.
           O anúncio do interesse em transferir a sede da montadora de Turim para Detroit, feita pelo presidente da insdústria nesta segunda feira (segue reportagem abaixo), não foi bem recebida pelo governo italiano, o qual irá, por sua vez, interpelar na decisão, alegando que a Fiat "precisa continuar sendo uma multinacional italiana".
          Interesses nacionalistas ou patriotas de amor à marca e orgulho ao brasão da montadora definitivamente não são os reais motivos para tamanha insistência por parte do governo italiano. Economicamente, a Itália apresentaria uma queda significativa em sua economia, já que vários setores dependem da empresa direta ou indiretamente para se manter e se desenvolver, a exemplo da exportação, empregos, desenvolvimento tecnológico, lucros nacionais, e muitos outros. Politicamente, o semblante italiano ficaria marcado e desvalorizado diate das comunidades europeia e mundial, visto que uma de suas maiores empresas iria acoplar-se e mudar-se para os Estados Unidos.
          Contornando a situação, a Fiat publicou que ainda avalia quatro centros administrativos após a fusão com a montadora americana Chrysler: Turim (mantendo um papel principal), Detroit, Brasil e (provavelmente) Ásia. A polêmica, todavia, foi lançada. É certo que o governo italiano irá lutar e debater, por sua 'tão amada' indústria, e também é certo que a Fiat - assim como qualquer outra multinacional - irá averiguar a situação e decidir qual será o melhor (e mais lucrativo) país e cidade sedes.

Segue abaixo o link da reportagem:
         

24 de janeiro de 2011

Histórias de lutas e conquistas

          Com o passar dos anos o ser humano aprendeu a lutar por seus direitos humano, físico e trabalhista, persistindo no aprimoramento destes, com o intuito de tornar sua vida e condições mais dignas do que um dia já foi.
          Em 1888 foi proibido no Brasil o domínio do ser humano assim como do trabalho por este realizado. A liberdade foi então, conseguida pelos escravos. No século XIX, durante a Revolução Industrial, perante às precárias e exploradoras condições de trabalho, pensadores como Karl Marx e Friedrich Engels mobilizaram-se, analisaram e propuseram uma solução para as difíceis condições dos proletariados das novas indústrias dominantes: "lutem!". E assim foi feito. 
          De 1800 até os dias de hoje sindicatos, revoluções, protestos, organizações e partidos trabalhistas lutaram contra os patrões e governos por melhores salários, condições de vida, distribuição de renda, carga horária, respeito e outros valores que constroem uma parcela do ser humano atual.
          A luta pelo que baseia nossos princípios e por aquilo que fazemos não irá acabar tão cedo. Os trabalhadores encorporarão novas ideologias às leis e normas trabalhistas vigentes, através de acordos, greves e mobilizações, transformando e adequando o cenário mundial a um futuro mais digno e justo ao ser humano e seus direitos, guiando o trabalhador a um futuro de conquistas pelo seu ser e fazer.
         

19 de janeiro de 2011

Determinação perante o Cálice

         
                Sagrado: ligado sempre - mesmo que implicitamente - à religião também pode ser interligado às diversas ciências humanas, como a antropologia, a sociologia, a psicologia e a história.
                Ao decorrer da história, o ser humano lidou de diversas formas com o efeito enigmático do sagrado sobre a humanidade, o qual possui funções como manter o ser e conservar a realidade deste (que por medo, adoração ou gratidão 'diviniza' o objeto ou ser sagrado de alguma maneira).
                O sagrado influi sobre a humanidade e resulta na sua própria capacidade de simbolizar, atribuindo aos objetos, coisas, espaços e seres um novo significado, tornado-os, então, sublimes.
               Intensamente presente nas atividades e reações humanas, o sagrado, portanto, não se resume apenas à religião, mas outrossim, à pura necessidade do ser humano de apegar-se e transceder uma coisa, um ser, um lugar, e outros símbolos, venerando e consagrando enfim, a potência sobrenatural que guia o nosso ser. 

4 de janeiro de 2011

Memórias de uma tarde

               Diante um ano novo que começaria, a chuva caía ininterruptamente, as palavras revelavam-se em um olhar, poemas e histórias diversas ludibriavam o tempo e o dia que nunca dizia adeus. Obrigada pelas palavras e risos, pelos fogos de artifício, pela magia que, nesta tarde, você pôde nos proporcionar.

   EM TEMPO

"O  tempo tudo destrói.
Até as palavras e o seu sentido.
Compete ao poeta agir no eixo implavcável de Cronos
para restaurar essa catexis e reatar a ligação
entre o Eu e o Outro.
Compete ao poeta recuperar a palavra.
A palavra primitiva não era descritiva,
mas certamente emotiva.
A palavra primitiva era a prórpia emoção.
No princípio era o fonema.
Do grunhido à palavra.
Esta, já atrelada ao morfema tornou-se vulnerável
à escamoteação, à mentira, tendo que lutar
contra tudo aquilo que a distanciava de sua
pureza original, do seu estado natural.
A função do poeta é desindexar a palavra.
Desintoxicar os morfemas e lexemas, tratando-os
e lavando e polindo e burilando.
Rousseau lembrava que na língua árabe havia mil
palavras para designar o camelo.
A língua gera seus filhos numa relação de amor.
Nascem palavras.
A língua árabe criou mil filhos para designar
um referente camelo porque havia uma intensa
relação entre o camelo e a sociedade.
Assim é o poeta.
Ele recria a possibilidade de amor, trilhando
um caminho onverso através da língua ele mostra
às pessoas novas possibilidades de compreender.
Ora, compreender é amar.
Procurei tomar-lhes o mínimo tempo possível.
Por favor, leiam."

                              Sérgio Graciotti Machado


   O INSTANTE

"uma bolha cresce
na boca da garrafa
como ilusão
depois explode"

                              Carlos Roberto Aricó


   MEU TEMPO

"poster de "Che" Guevara
aspiração solene no tempo mudo
tudo, tudo proibido
tudo calorosamente dolorido

enducerer
"sin perder la ternura"
belo sonho romântico
antes fosse esquecido

emudecer,
perder a ternura
exigência despótica
na cruel ditadura

gravura impressa, Renoir
impossível se expressar
impressionismo, expressionismo?

contudo o mudo cinismo
a honra à beira do abismo"

                              Carlos Roberto Aricó


   SONHO ECOLÓGICO

"a paz era tanta
que a bomba dormiu

sonhava que os átomos
brincavam de ciranda"

                              Carlos Roberto Aricó