30 de junho de 2010

Sociedade Societária

   

    









     
      Num mundo insano e desgovernado
      Ideias com seus donos se perdem,
      Ideias com seus valores se fundem.
      Dão origem ao caos sem valor,
      Ao detalhe não olhado,
      À beleza desprezada.

      O sonho da associação parece belo,
      Mas quando abrimos os olhos
      E vimos a metálica ao redor,
      Vemos que estamos sozinhos
      Mesmo tendo todos ao redor.



28 de junho de 2010

A Medicina de Tchekhov

        
          Normalmente lendo, vendo ou escutando alguma coisa, ideias e argumentos surgem e transformam-se em parágrafos que posteriormente escrevo. Entretanto, hoje postarei parte de um texto de Luiz Felipe Pondé, o qual não preciso comentar ou escrever sobre porque ele já explica tudo por si só.

         "Há 150 anos o escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904) nascia. Médico, Tchekhov tinha um sentido aguçado para a miséria concreta da vida humana.
         Partilho com ele de um grande ceticismo com relação à crença cega no progresso, tão comum entre os tolinhos de hoje em dia.
         Qual a visão de mundo de Tchekhov? Qual a marca profética (comumente referida na crítica especializada) dos autores russos do século 19 com relação à modernização? No caso de Tchekhov, contra o delírio da autossuficiência moderna, essa marca está na sua visão de que a humanidade vive contra um cenário infinito que ultrapassa cada um de nós e a cada "era histórica", retirando-nos a possibilidade de avaliar o verdadeiro sentido de nossos atos.
         Apenas aqueles que viverão 500 anos depois de nós poderão, talvez, ver alguns obscuros sentido em nossas vidas.
         Ao contrário dos "ocidentalizantes" (termo comum na rússia do século 19 para descrever os que abraçavam o avanço moderno sem dúvidas), que se viam como donos do próprio destino, Tchekhov logo percebeu que a modernização seria apenas mais uma experiência, como tudo que é humano, de fracasso com relação à posse do destino.
         Contra o rídiculo orgulho moderno, ele vê que a modernidade seria uma série de encontros e desencontros com as eternas sombras do humano. Quais seriam as sombras "modernas"? Os ganhos sociais (a superação do "chicote", como dizia Tchekhov, um descendente de servos) e técnicos (os ganhos da medicina no combate, por exemplo, à cólera, que tanto ocupou sua vida de médico de província) que cobrariam um alto preço (perda dos laços comunitários, mergulho na desumanização instrumental em busca de uma vida melhor, "bregarização da vida"), representando bem a forma cirúrgica em sua obra.
           Esta paciência para com o obscuro sentido de nossas vidas é atípica em uma época como a nossa, marcada pela impaciência com o vazio da vida. Fingimos que sabemos o sentido de nossas vidas, vendo-o como sentido o "avanço" ou o "progresso" técnico, ético e social. Para cada avanço, um afeto se esvazia sob o dilaceramento das relações (burocratizadas) que se dissolvem no ar. Os afetos e não as ideias nos humanizam, e afetos não são passíveis de uma geometria do útil." [...]
        

23 de junho de 2010

Os Elos de um Coração

         Não há famílias perfeitas, mas todas - mesmo através dos modos mais peculiares - baseiam-se no amor. Amor fortificado que não precisa ser declarado para ter o seu colorido poetizado, ele é apenas silencioso ou berrante, amplia-se com a ausência e não necessita de esplendorosas demostrações.
         Toda família tem seus problemas, assim como tudo o que é bom e único na vida, e mesmo em meio aos conflitos, brigas e desentendimentos, ela procura nos problemas e nas barreiras a força e procura a felicidade para não desistir.
         Uma família - de sangue ou consideração - mantém o amor, as risadas, as lágrimas e os gritos. Acham em cada membro de si (se importando e os apoiando) um elo a fortificar, um amor para engrandecer e um amigo para, assim, ser feliz.

15 de junho de 2010

Bi (ou tri) centenários Revividos

  

           Lendo outro dia um artigo sobre a restauração do Solar da Marquesa e da Casa nº1 (casas datadas dos séculos 18 e 19) na cidade de São Paulo, pensei que muitos dos engravatados, ambulantes, 'andantes' e taxistas que passam diariamente por elas nem reparem no acervo e importância que possuem.
           Claro que o "hoje em dia" é importante, pois é nele que estamos construindo nossas histórias, nossas vidas, nossa sociedade, nossa felicidade e amores, mas imaginem uma rua que chamava-se rua do Carmo - ao invés de Roberto Simonsen - atravessando uma colina com a várzea do rio Tamanduateí logo abaixo, onde pescadores, lavadeiras, carregadores de água e habitantes da cidade estavam construíndo seu próprio cotidiano, provavelmente sem pensar que 200 ou 300 anos mais tarde seriam revividos e repensados por causa da reforma de dois casarões.
           No final deste ano e início de 2011, o Solar da Marquesa e a Casa nº1 se tornarão, respectivamente, a sede do Museu da Cidade e a Casa da Imagem, preservando não só a história da nossa querida São Paulo, mas também o cotidiano dessa antiga cidade colonial.

9 de junho de 2010

Quasi Stelars

          Quasi Stelars (do latim "quase estelares") não se sabe ao certo o que é: galáxias ativas ou apenas uma junção de poeira galáctica. Dizem ser semelhantes às estrelas, aos buracos negros, e que sua estrutura é diferente de qualquer outro corpo celeste já catalogado a anos-luz de distância.
          Porém prefiro acreditar que são  criações perdidas a serem reveladas e pensamentos ainda não fisgados; que são semelhantes mais às nossas diversas personalidades contraditórias e que sim, sua estrutura é diferente de tudo o que conhecemos. 
         Sendo  talvez quase estrelas no universo ao nosso redor ou simplesmente reflexões no nosso plano das ideias, os Quasi Stelars são definitivamente mistérios a serem desvendados e encantos a serem escritos.