30 de dezembro de 2011

O mundo não acabou

     por Antonio Prata

          "Eis que a Terra completa sua duo milésima décima segunda volta em torno do Sol (desde que pegaram Jesus para Cristo), e, mais um vez, olhamos para trás, tentando entender se neste balaio de gatos que chamamos de 'um ano' há alguma lógica, alguma tendência, alguma chance de matarmos nossa imorredoura sede de sentido.
          A tarefa não é simples, pois nos 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos que duram o giro pelo rodoanel cósmico acontece de tudo um pouco - e vice-versa. 
          2011, afinal, será o ano em que o Corinthians foi chutado da Libertadores pelo Tolima ou aquele em que conquistou seu pentacampeonato brasileiro?
          Devemos nos orgulhar da posse de nossa primeira presidenta e da razoável calmaria em meio às intempéries globais ou lamentar a queda de sete ministros, quase todos por indício de corrupção?
          A polícia carioca subiu a Rocinha sem dar um tiro; da PM paulistana vazou o vídeo em que o soldado gritava "estrebucha!" para um homem baleado. E aí?
          Não bastasse a infinidade de acontecimentos, um único fato ainda pode abrir-se a diferentes leituras. A morte de Bin Laden foi um momento de alívio para todas as suas vítimas passadas e futuras ou o instante em que Obama, o arauto da concórdia - e, vale lembrar, Nobel da Paz - meteu o Iluminismo e o colar havaiano no saco e adotou as mesmas práticas dos caubóis que tanto condenava?
          Há, também, aqueles eventos simplesmente incompreensíveis para a maioria dos mortais, como a notícia que cientistas teriam encontrado a 'partícula de Deus'. Seria uma lasca da unha de Javé? A foto de um raio da aura do Espírito Santo?
          Mistérios da física (ou da metafísica), que, como tantas outras questões, só serão solucionadas com o passar do tempo; a Primavera Árabe vai dar frutos ou as folhas amarelarão, em um frustrante outono? O movimento 'Ocupe' ajudará a diminuir a distância entre o 1% e os 99% ou virará só mais um bóton em uma mochila, no Espaço Unibanco de Cinema?
          No fim das contas, a única afirmação que se pode fazer sobre 2011 é que, contrariando os temores trazidos pelas águas de março e janeiro, nos tsunamis do Japão e deslizamentos do Rio, o mundo não acabou.
          Apesar das tragédias, e, mesmo sabendo o quão arriscadas são as previsões, ouso apostar que no futuro nos lembraremos deste ano com um sorriso no rosto.
          Não pelo declínio de ditadores, pela autorização do STJ ao primeiro casamento gay ou por Neymar continuar no Brasil, mas por ser o ano em que as fotos do celular de Scarlett Johansson caíram na internet, recordando-nos que a natureza pode gerar o caos, a destruição e nos condenar a girar em torno do Sol, vez após outra, repetindo as mesmas perguntas sem respostas, mas, quando quer, é nota dez nos quesitos harmonia, alegria e evolução.
          Que venha 2012!" 

26 de dezembro de 2011

Doze uvas, 365 Momentos

          Estamos na época de esperanças, planos, felicidades, rituais, festas e confraternização. No embalo dos presentes e canções de Natal embarcamos quase que mecanicamente nas viagens e fogos do Ano Novo.
          Na noite da virada o que importa é ser feliz, comemorar as conquistas, vitórias e acontecimentos do ano que se vai e desejar sucesso e sorte para o ano que se inicia. Permeando tudo isso (e muito mais...) superstições, simpatias e tradições comandam a noite de reveillon. Pular sete ondas, comer doze uvas e associar seus gostos a cada mês do ano, guardar uma folha de louro na carteira, dar tres pulos com uma taça de champagne sem derrubar uma gota, enfim, tudo vale para trazer boas energias e 'jogar fora' o agouro e azar do ano que esta se esvairando. 
          Na Itália, por exemplo, comer ao menos uma colher de sopa de lentilha é o suficiente para assegurar fartura à mesa durante o ano inteiro. Para os portugueses, comer a quantidade de bagos de uva correspondente ao seu número de sorte garante prosperidade e fartura de alimentos, além de dinheiro; mas é claro, se as sementes forem guardadas na carteira até o próximo Ano Novo.
          Das Arábias veio a ideia de que nozes, avelãs, castanhas e tâmaras podem garantir fartura e sorte. Hábito africano, por sua vez,  são as vestes brancas, que simbolizam paz, pureza e bondade para o ano advento.
          Vestimentas amarelas e douradas para atrair fortuna e sucesso; azuis e turquesas para dar paciência e tranquilidade a quem os veste; usar o rosa e o vermelho para desejar amor ou paixão e até mesmo o roxo e o lilás para trazer sabedoria às novas decisões do novo ano fazem parte, outrossim, do nosso vasto e misto supersticioso Ano Novo.
          Seja advindo da Europa, da África ou das Arábias, cada brasileiro mantém sua tradição e seu ritual, assim como diversas outras pessoas ao redor do globo, na esperança de melhoras e de realizações, ou simplesmente pela alegria de aproveitar,  desfrutar e desvendar um bom e divertido reiveillon.

22 de dezembro de 2011

Blink of an Eye

          Dizem que um olhar vale mais que mil palavras. Dizem que há palavras que não expressam a emoção sentida. Dizem que a vida passa em um piscar de olhos. Dizem, ademais, que momentos marcam uma uma vida, uma história.
        Então que seja através de uma ou de cem imagens para o olhar ser válido, para as emoções serem ditas, para a vida perlongar na eternidade, para vários e vários momentos valerem a pena e para que estes por fim, escrevam a sua, a minha e a nossa história. 


          
 
Imagem de Anuar Patjane. Chuva torrencial de monção em Bhaktapur, no Nepal.


O fotógrafo James Vernacotola registrou o lançamento do ônibus espacial Endeavour STS-130 em Ponte Vedra, na Flórida, EUA.


 Uma vez a cada ano, os pescadores de Taipei, em Taiwan, realizam um ritual de pesca com enxofre e fogo. Foto de Hung-Hsiu Shih.


 A imagem foi feita nas Ilhas Riau, na Indonésia, pelo fotógrafo Shikhei Goh.


 A foto acima, feita em Hokkaido, no Japão, mostra um lago turístico da região durante o inverno. Foto de Kent Shiraishi.


 O fotógrafo Angel Fitor, de Múrcia, na Espanha, registrou a água-viva Cotylorhiza tuberculata próxima à superfície do mar.


 Foto tirada por Marius Coetzee em um safári fotográfico no Parque Nacional do Serengueti, na Tanzânia.



A imagem mostra a dupla e rap G-Side em Nova York, nos EUA.
Fotografia de Helen Pearson.




          As fotos acima foram vencedoras do concurso ou ganhadoras das menções honrosas nas categorias Natureza, Pessoas e Lugares do 'Concurso Fotográfico 2011', oferecido pela revista 'National Geographic'. Essas e outras mais 6 fotos foram escolhidas entre as 20 mil enviadas por participantes de 130 países.